IA como Aliada, Sensibilidade como Assinatura
Se tem uma coisa que a inteligência artificial ainda não consegue replicar, é a sensibilidade humana.
Aquela capacidade de perceber o que não foi dito: um silêncio, um olhar, um gesto sutil que revela muito mais do que palavras.
A IA entende o que foi pedido. Mas não sente.
Ela não percebe o suspiro ao tocar uma textura.
O brilho nos olhos ao falar de uma peça herdada da avó.
Ou aquele leve desconforto ao ver algo que “não tem a ver”, mesmo que o cliente ainda não saiba explicar o porquê.
E no design de interiores, isso muda tudo.
Estamos entrando numa nova era.
Hoje, a IA já automatiza medidas, cria plantas, sugere paletas e até simula ambientes com base em fotos. Isso é ótimo, quando usado como ferramenta.
Mas aqui vai um alerta importante:
Se o profissional não souber ler o invisível, captar a essência do cliente e escutar de verdade, e em vez disso quiser apenas impor seu próprio gosto, ele será facilmente substituído.
Porque isso, a IA também faz. E faz mais rápido.
O grande diferencial vai estar em criar com alma.
Em trazer repertório, história, emoção para dentro do projeto.
Em entender o que o cliente precisa sentir, e não apenas o que ele diz querer.
É saber que, às vezes, uma pausa, um toque ou uma memória contada com a voz embargada dizem mais do que qualquer briefing técnico.
E num mundo onde tudo pode ser gerado em segundos, o que vai se tornar raro e, portanto, valioso é justamente o que é feito com tempo, intenção e verdade.
O novo luxo já está mudando de forma.
Vai deixar de ser sobre ostentação para ser sobre presença, detalhe, afeto.
O que é artesanal, o que carrega imperfeições humanas, o que foi feito à mão e com propósito. Isso será o novo desejável.
Isso é o quiet luxury que o mercado já começou a valorizar: o que fala baixo, mas toca fundo.
A IA será uma aliada poderosa.
Mas o coração de um bom projeto… esse ainda bate do lado de cá.
Créditos: Janaina Lott @janainalott.fotografia