Brindar ao passado para entender o presente
Antes do marketing, havia o fogo.
Mais precisamente, o ferro em brasa com que pecuaristas marcavam seus animais - o gesto ancestral que deu origem ao termo "brandr", do nórdico antigo, que significa “queimar”. Estava selado ali o elo entre criador e criação. Entre produto e empresa.
Começou então o conceito de que marcar um produto era mais do que identificá-lo: era afirmar reputação, inspirar confiança, gerar valor. O ferrete deixava implícito: “eu endosso esse produto!”.
Portanto, muito antes de se falar em logotipos, embalagens ou campanhas, a marca já existia como símbolo de procedência, qualidade e distinção. O que se vendia não era apenas o que se via - era o que se sentia. A marca, mesmo sem nome, já era "alma".
A Revolução Industrial intensificou esse processo. A padronização dos métodos de produção nivelou a qualidade e, consequentemente os produtos- aumentou a competição e acentuou uma virada crucial: quando tudo começou a se tornar similar, o que diferenciava um produto de outro era a percepção.
E a percepção é construída. É aí que germina o Branding - a gestão estratégica dos ativos invisíveis que tornam uma empresa lembrada, admirada e preferida. Branding é construção contínua - por isso o gerúndio. É governança empresarial que articula cultura, posicionamento, identidade, experiência e, claro, lucratividade. E tudo isso começa com clareza sobre o que a marca é… e sobre o que ela quer significar e provocar no mundo.
Mas percepção sem expressão é o silêncio. E é aí que entra o Design.
É o design que traduz em forma e cor aquilo que o Branding constrói em essência e direção.
Branding e design trabalham juntos para impulsionar negócios.
Um conduz, o outro encanta. São comumente confundidos porque a identidade visual é a ponta visível do iceberg. Mas design bem-feito é pensamento materializado, é estética a serviço de um propósito, de um porquê. E eu, como designer de origem, afirmo: quando essas duas forças atuam em sintonia, o resultado é valor - não só percebido, mas mensurável.
No próximo texto, vamos falar sobre os ativos que não aparecem nos custos e aquisições da empresa, mas que fazem toda diferença no valor de um negócio. Porque celebrar o Branding é reconhecer a força de ideias que, mesmo invisíveis, impulsionam negócios.
Um brinde ao Branding!