Compulsão alimentar: entenda como o problema pode mascarar um transtorno mais grave.
O comer compulsivamente, além de um evidente descontrole impulsivo do
comportamento alimentar, não mexe apenas com a silhueta, mas com a saúde geral, já
que pode levar a problemas cardíacos e metabólicos, como a diabetes e a hipertensão,
que colocam a vida em risco.

Segundo o psiquiatra de São Paulo, Dr. Diego Tavares, a compulsão alimentar pode ser
um problema ainda mais grave, principalmente quando a avaliação médica do quadro
fica restrita apenas ao problema do comer compulsivo. “A pessoa pode estar tendo
também um descontrole na impulsividade em outras áreas da vida e que podem fazer
parte de um único problema que desregula o humor e os impulsos: o transtorno bipolar”,
afirma. Ainda de acordo com o especialista, o descontrole ocorre em áreas do cérebro
que são responsáveis por cada um dos nossos atos e, como potencializam o impulso por
comida, enfraquecem os centros da saciedade e faz a pessoa comer
descontroladamente”, conta.
Dr. Diego conta que o nosso cérebro possui um sistema de recompensa e alguns
alimentos – principalmente os carboidratos, os açúcares e gorduras – liberam enzimas
que causam bem-estar e, em pessoas com propensão a transtornos mentais, a compulsão
pode ser causada justamente pela busca incessante do cérebro por essas “recompensas”.
“A pessoa fica viciada em açúcar como se vicia em drogas, por exemplo. É preciso
fazer um tratamento para reequilibrar a química cerebral”, conta o psiquiatra.
O médico ainda explica que, a fome é regulada por um hormônio chamado grelina, que
sinaliza para o hipotálamo, região do cérebro responsável por programar o circuito
cerebral da fome, de que é hora de se alimentar. “Uma combinação de líquidos, cafeína,
vitaminas e carboidratos compõem a quantidade ideal de energia que os neurônios
precisam para funcionar adequadamente. É nessa região cerebral que o apetite é
regulado. Ali, os níveis sanguíneos de glicose e insulina e os hormônios grelina e
leptina são monitorados para avaliar se o organismo tem calorias e nutrientes suficientes
para funcionar ou não”, afirma Dr. Diego.
O problema tem jeito
Quando alimentados, conseguimos enviar ao cérebro a quantidade correta de glicose e
melhoramos a concentração, a agilidade mental e até o bom humor. “Comer muito em
uma única refeição não vai ajudar na capacidade cerebral. Ao contrário, vai demandar
muita energia do sistema digestivo e causar a sonolência”, explica a nutróloga de São
Paulo, Dra. Ana Luisa Vilela.
Segundo a especialista em obesidade, tratar a compulsão alimentar é possível sem
necessariamente deixar de se alimentar. “É preciso converter a vontade absurda de
comer em amor próprio. Tem que gostar de si para poder controlar o apetite. Além
disso, a ingestão de frutas, verduras e legumes ajuda a aumentar a saciedade e fazer o
cérebro achar que está comendo mais, quando, na verdade, está ingerindo menos
calorias”, ensina a médica.
Picar frutas e legumes também ajuda a enganar o cérebro, que acha que está ingerindo
uma porção maior. “Faça composições bonitas e coloridas para ter vontade de comer”,
conta a nutróloga, que indica que nenhuma dieta deve ser radical. “Não recomendo que
o paciente corte os carboidratos e as gorduras. Ele deve reaprender a consumir esses
ingredientes até para manter a vontade controlada e as funções do organismo em dia”,
diz.
Por Mulher com saúde
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